As Irmãs Siamesas

ANO: 2018 | ONDE: Teatro Aliança Francesa (São Paulo – SP)

Com encenação de Sébastien Brottet-Michel, ator do Théâtre du Soleil, o espetáculo As Irmãs Siamesas, de José Rubens Siqueira e produzida por Daniel Torrieri Baldi, revela a complexidade e ternura da alma feminina, inserida na relação familiar, a partir do reencontro de duas irmãs, interpretadas por Cinthya Hussey e Nara Marques, após a morte da mãe.

 

Escrita em 1986, o texto rendeu o Prêmio APCA de Melhor Autor a Siqueira. As particularidades da alma humana, a personalidade e a individualidade aparecem de forma natural e contundente no reencontro de Marta e Maria.

 

A morte da mãe provoca o encontro e o confronto entre Marta (Cinthya Hussey), a irmã mais velha e cuidadora da mãe, e Maria (Nara Marques), que partiu para uma vida nova em São Paulo. Frias e distantes, elas entram em casa envoltas pelo incômodo da presença uma da outra e precisam reaprender a se comunicar. As lembranças são inevitáveis. Cada memória vem carregada de rancor, mágoa, acusação ou mesmo ternura, leveza e humor. É preciso restabelecer os laços, a ligação fraterna que se perdeu.

 

Sobre a direção, Sébastien Brottet-Michel diz que o fundamental é expor as características das personagens. “O caminho não é a busca psicológica dessas características, mas a imaginação, tanto a minha quanto a das atrizes, sobre o que é necessário para contar a história. O corpo do ator deve ser uma entidade que recebe a personagem; o psicológico vem pelo estado do corpo e da imaginação”. Sébastien afirma que não importa a interpretação propriamente dita, mas o fato de que as atrizes vivam, literalmente, as mulheres do texto com a máxima verdade. Segundo ele, o espectador precisa ler o corpo do ator a partir da possibilidade que o ator lhe dá. “Buscamos pelo melhor momento, pelo estado que trouxe a verdade para encantar a realidade por meio do deslocamento poético. Isto é percebido pela respiração, pela tensão interior. A emoção vem das descobertas em cena. E o drama é vivo: oferece-nos estados e diferentes possibilidades”. E com relação ao texto de José Rubens, o diretor diz que espera que o público se reconheça nas personagens, pois “o luto é inerente a todos, e a morte do pai ou da mãe é como um muro que desaba, trazendo a consciência da nossa própria finitude”.

 

E o autor José Rubens Siqueira também fala sobre a montagem de seu texto, mais de 20 anos após ser concebido. “Sempre que um autor vê seus personagens saltarem da página e ganharem corpo e voz sobre o palco, renova-se a fé na arte como instrumento de mudança pessoal e social. A sensibilidade e coragem dessa equipe jovem e talentosa é um alento neste momento sombrio que vivemos”.

 

A cenografia de As Irmãs Siamesas, assinada por Marisa Rebollo, também é cheia de poesia e foge do realismo: apresenta um baú dentro de outro baú para transparecer as diversas camadas da relação entre as irmãs. O baú é a simbologia da mãe, da vida, da morte, podendo representar as prisões internas, as lembranças guardadas, o túmulo. O estado interior das personagens é potencializado pela iluminação de Rodrigo Alves (Salsicha) e pela trilha sonora original de Wayne Hussey, conhecido cantor, guitarrista e compositor da banda inglesa The Mission. “Compor música para uma peça de teatro era algo que eu queria muito fazer. Evitei os instrumentos modernos que exigem eletricidade, para não colocar a peça em uma época determinada, e segui pela linha do acústico, com piano, violino e violão clássico, que se tornaram a paleta de som exclusiva para a trilha: uma música mais lenta, vazia e aberta, não sentimental”. Wayne trabalhou em conjunto com o pianista inglês James Bacon e o violinista David Milsom na criação da série de adágios que compõem o clima da encenação.

 

A realização da peça é da Ecoman Produções Artísticas e a produção da Desembuxa Entretenimento, ambas as empresas são do mesmo sócio-diretor.

 

A montagem foi indicada ao Prêmio Aplauso Brasil em 6 categorias: melhor direção (Sébastien Brottet-Michel), melhor elenco (Cinthya Hussey e Nara Marques), melhor iluminação (Rodrigo Alves – Salsicha), melhor arquitetura cênica (Marisa Rebollo), melhor trilha sonora (Wayne Hussey), melhor produção independente (Daniel Torrieri Baldi / Ecoman / Desembuxa). Venceu em duas delas por voto popular: arquitetura cênica e elenco.

Galeria de fotos
Ficha Técnica

Autor - José Rubens Siqueira

Direção - Sébastien Brottet-Michel

Direção de Produção - Daniel Torrieri Baldi

Elenco - Cinthya Hussey e Nara Marques

 

Cenografia - Marisa Rebollo

Iluminação - Rodrigo Alves (Salsicha)

Figurino - Kene Heuser

Trilha Original e Sonoplastia - Wayne Hussey

Músicos - Wayne Hussey (violão), James Bacon (piano) e David Milsom (violino)

 

Locução - José Rubens Siqueira

 

Coordenação de Projeto - Maristela Bueno

Assistente de Direção - Thiago Lima

Assistente de Produção - Sabrina Nask

Assistente de Figurino - Léo Sgarbo

 

Direção de Palco - Augusto Vieira

Operador de Luz - Tiago Bispo

Cenotécnica - Armazém Cenográfico

Montagem de Luz - Léo Saldanha

 

Assessoria de Imprensa - Verbena Comunicação

Design Gráfico - Francisco Júnior (Juh Ninho)

Fotografia Artística - Heloísa Bortz

Captação e Edição de Imagens - Trópico Filmes

 

Assessoria Contábil - Eduardo Belvedere (Contclass)

 

Co-Produção - Desembuxa Entretenimento

Realização - Ecoman Produções Artísticas